sexta-feira, 3 de outubro de 2008

novamente


Passos claudicantes;
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Manca!
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Manca!
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Manca!
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Manca, Rei torto, e ressoa teu caminhar como o agouro de uma negra Estinfale. Suspira, Cavaleiro coxo, e exala teu sulfor como uma górgona petrificante. Teu tolo toque, ó Midas, transforma em pó o que te é caro. Tua alma gélida, besta inumana, não passa de cárcere próprio, de intransponível muralha entre teus queridos. De teu destino, grande infeliz, fazem troça as nornas: há um nó em teu fio!
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Dois!
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Três!
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Cortem-lhe a cabeça! - de novo, viúvo proscrito? Apaixona-te, acaso, pela sombra e pelo vento? De que é que fazes teu coração, nobre esfarrapado? De fogo, diz ao incauto, mas bem sabe que é de gelo. Incapaz! Pra que carregar mais este suplício, filho de Masoch? Parece-te tão belo e forte deixar as coisas pelo caminho? Enobrece este fiapo de espírito tentar ser a Bastilha, prestes a ser posta ao chão? É lá que deve morar, ó decomposto, até que se torne um agradável estúpido.
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Auto-engano. Falsa imagem. Ídolo. Por que adoras este bezerro de ouro? Encanta-te sempre pela miragem, beduíno, e torna-a uma verdade mentirosa, um espectro de possibilidades inalcançaveis: um ser em potencial, nunca um ente, sempre uma promessa que, sabe-se de antemão, jamais se cumprirá. Tens medo, Pigmalião? Constrói tua ruína, tua mentira, teu próprio auto-engano para que, assim, a desilusão pareça certa e teu sofrimento legitimo. De que adianta um Rei que inventa Rainhas?
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De que adianta um Rei que inventa a própria Coroa?

Um comentário:

Anônimo disse...

Sauci-Fufu!!