sexta-feira, 25 de julho de 2008

véu


Há um véu. Uma parede de infinita neblina, feita da areia dos tempos. Ela sussurra. Almas me tomam pelas mãos, indicam caminhos e choramingam angústias, amores de um tempo imemorial. Elas vagam, ao meu lado, por um corredor de mármore, brilhante como os pilares do Éden. Meus passos ecoam, Toma forma, constroem seus mundos, flutuam em formosas esferas de saudade, de tudo aquilo que já foi.
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Minha alma sangra. Meus olhos não enxergam. Meu corpo claudica. O peso é insuportável. E devo caminhar, carga nas costas, curvado diante de uma estrada que perfura o horizonte, e acaba somente onde o mundo faz sua curva, onde meus pés não podem pisar, e minhas mãos não podem alcançar. Há um véu. Terrível círculo de fogo, angústia e sombra.
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Um véu. E angústia.