sábado, 31 de outubro de 2009

Monstro


Não se há o que mudar. A mão pesada do Acaso, aquele que traiçoeiramente chamam de Destino, é grave ao mover seus peões. Não se saceia a fome do Caos. Ele é como um grande Krónos, devorador de suas próprias crias.
.
Tem-se puramente a destruição. Uma besta das profundezas, um grande Deus que clama por sacrifício, uma bela donzela que tira da coleira seus mais instintivos desejos. Há algo de belo na natural ambiguidade do cessar-de-ser; Finda-se. Cria-se. Muda-se não. Um único caminho, feito um torque que encontra suas pontas - ao Caos, onipotente, cabe apenas torcer suas voltas. Um único caminho.
.
Lanço-me ao abraço. Que se imole, afinal, cada universo da minha alma. Meu corpo nada sabe sobre tal. A chama aponta um caminho, abre minhas vistas. No ocaso encaro a luz, torno-me novamente. Pairo no altar do Holocausto, numa apoteóse. Aos teus olhos, uma apocoloquintóse.
.
Vejo onde não se vê. Sinto onde não se sente. Sei do que não se sabe. Ignoro o que não se deve ignorar. Odeio o que deveria se amar. Não há uma inversão, apenas a consumação.
.
No minguar das chamas, vive-se no tal eterno Crepúsculo. Não busque significados, os olhos deste Deus fixaram-se no vazio. Diminui-se. Diminui-se. Que se quebrem os invólucros e os ídolos. Estamos num eterno final do dia.
.
Sou um iconoclásta.