quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Graal


Que queres, Cavaleiro, neste salão oco de desolação? Por que sujas tua branca armadura neste veneno negro, cuspido por serpentes traiçoeiras? Lá te vais, tão altivo, e tua honra poderia ofuscar até mesmo a primeira das estrelas. Com castidade e vigor, meu Cavaleiro, por que procuras por esta relíquia de uma lenda distante? Quem é esta sombra de orgulho, depositório do teu sentimento? Cavalga, Cavaleiro sonhador. Não precisas de moinhos, se tens para ti o próprio dragão, devorador de homens e de almas. Queima teu coração na chama da ilusão, errante piedoso. Por que, meu Cavaleiro, ignoras tua coroa? Preferes o espinho, e rejeitas o belo ouro. Pra que buscar teu calvário, pobre Cavaleiro? Solta a Palma do Mártir, deixa de lado tuas asas de anjo. Ai de ti, ó Cavaleiro, agora que perdeste a mão do teu Virgílio. Que será de ti, nobre Cavaleiro, se tua Beatriz não está aqui para conceder-te um doce beijo da salvação? Tu não mereces, meu Cavaleiro, empreender tamanha epopéia pelos círculos do teu inferno. Derruba o pedestal de tua luxúria. Clama! Clama, Cavaleiro, com a trombeta de Bronze. Ressoa o Oboé, e que tua corneta seja ouvido no mais alto dos Céus. Chora pelos Serafins celestiais, e pede o milagre do esquecimento. Que abençoem, todos os Deuses, tua alma, Cavaleiro, com a pureza da ignorância e do pecado. Vai, meu Cavaleiro, sem medo. Não abandona tua esperança, vós que aqui entra. Fecha teus olhos. Descansa tua alma no sono dos Heróis. Sonha, meu Cavaleiro, para que finalmente possa alcançar a serenidade; Viva! Viva, meu Cavaleiro, para que finalmente possa contemplar este Amor que move o Sol e as mais Estrelas.

Um comentário:

Anônimo disse...

pureza da ignorancia... to precisando disso.