segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Poço


Que é que se esconde, afinal, atrás da bela máscara de marfim? Seria o sorriso inocente do Arlequin, ou a lágrima recheada de desejo do Pierrot? Com quantas cores brilha esse traje monocromático? E essa melodia suave e provocativa? Ela é que embala os passos tímidos do bufão invisível, artista solitário de um palco vazio; segues com rimas e cantigas, pobre caminhante dessa corda bamba poética. Curinga, triste carta fora do baralho. E essa alegria? De onde vem? Acaso misturas sinceridade com mentiras, infeliz palhaço? E tua alta gargalhada? E tua fala jocosa? Que significam tuas palavras, pequeno enigma? És tão secreto, no teu raso desabafo. És tão previsível no teu mistério circense. És tão simples que nem sabes o que se passa nesse teu espetáculo diário. Pois quem olha de longe, de pronto adivinha: não eres nada mais, meu jovem inconstante, do que um pequeno poço; um pequeno poço, cheio de pecadilhos, alegrias e tristezas. Pequeno. E único.

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