quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Conto de Eärendil


Por decreto divino, o mar era proibído. A costa brilhante não passava de um sonho distante para os que ouviram as histórias de outrora. A torre branca, erguendo-se alta como um astro de marfim, era o farol de esperança nesse tempo negro, de sombras horríveis e lamentos carregados. E onde estavam as jóias, cobiça de todos os homens? E onde estavam os heróis, aqueles altruístas capazes de sacrificar a prória alma em nome de um único facho de luz? Clamam pelo marinheiro, aquele de linhagem nobre, único em coragem para enfrentar o lânguido sorriso de um oceano traiçoeiro. Iluminado pelo brilho da Criação, voôu, com graça, feito uma ave de fé e honestidade. Tocou, com seus pés descalços, a areia macia de uma praia cuja imortalidade jamais havia sido maculada por um homem de sangue corrente. Numa corrente de bravura e altivez, foi abraçado pelos Deuses, e lançado na maior das provações; em troca da paz para os homens, o pagamento seria a eternidade em vigília. Ao Sol e a Lua, foi brindado o espírito incansável, protegendo para sempre o firmamento. Livre das sombras, que agora eram acorrentadas para além dos limites da existência, viajava noite e dia o bravo marinheiro. Jóia na testa, iluminando com esperança toda a escuridão fria da mortalidade. Lá ia, noite e dia, o bravo marinheiro. Brilha, eternamente, Estrela Solitária.

2 comentários:

Anônimo disse...

escreve um livro.

Anônimo disse...

acho que quem é agraciado pelo dom da escrita também é acorrentado pelo eterno.