terça-feira, 30 de outubro de 2007

Cantar de Fingolfin

Não havia volta, quando os demônios do Mundo inferior resolveram assolar o destino dos bravos. O sangue inocente manchava o chão, ocultado pela sombra das fúnebres chaminés do Fim do Mundo. Os poucos com coragem para olhar na face do próprio Mal, juntaram-se em volta de seu líder, e choraram a infelicidade de um dia terem pisado nesta Terra, fadada ao cárcere do mais temível dos Senhores. Numa última investida, o majestoso herói cavalgou sozinho em direção aos portões frios. O estampido de seu cavalo soava como uma tempestade rugindo; perguntavam-se se os próprios Deuses não haviam descido de seus altares brilhantes e investido contra seu inimigo. Mas era apenas um, corajoso e bravo, encarando sozinho para sua triste sina. Clamou pela temível criatura, e o rangido do Portal se abrindo soou mais tétrico do que o gorjear de mil aves negras.O fedor era insuportável, quando o próprio Senhor da Escuridão adentrou os campos de Lágrimas. Gigantesco e taciturno, por três vezes golpeou o pobre Herói, que por três vezes aguentou como pode o baque do Martelo das Profundezas. O destino de um povo era decidido ali, no topo das Montanhas de Ferro; não havia mais espaço ou tempo para o pobre cavaleiro, fadado ao doloroso fim. Incitou à coragem seus iguais, e, num último suspiro, derramou sangue do Terrível Carrasco, antes de fechar os olhos, plácidos e majestosos, pela última vez. E assim caiu o Alto-Rei Fingolfin, mais corajoso e mais bravo dentre todos os Noldor.

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