quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Esforço


Decreto minha incapacidade! Sigo em frente, sem chão, sob a sombra de nomes e rostos esquecidos. Valham-me, Deuses Inferiores, que tanto riem da sujeira que brota em minhas solas. De que me adianta entoar uma bela melodia, se os ouvidos de minha Donzela preferem o gorjear de um (in)destino qualquer? Já não protesto ao encarar meu círculo de fogo; já não ligo de sonhar com o espectro de minha Valquíria, tão inatingível quanto meu Palácio imaginado. Sequer as palavras eu consigo articular. Minha confusão aproxima-se do Caos dionisíaco. Minha realidade não tem sentido, não tem estética, não passa de brilho rubro dos cabelos de uma divindade renascida. Não se prezem ao esforço. Não há Hera neste Olímpo que recompense este meu espírito Hercúleo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Entoe uma canção ao seu coração, antes de tentar fazer com que a amada a ouça. Pois a palavra só a verdadeira querida escuta, e nesse caso, não pelo frêmito de seus lábios, mas pelo bramir dos seus sonhos, viajante.

Anônimo disse...

minha realidade não tem estética, estática, sentido, ou qualquer outra coisa razoavelmente comum.

eu não tenho realidade.


o brilho rubro dos cabelos de uma divindade renascida...
sabe-se lá se estas madeixas não brilham como os olhos de muitos por aí, não por ter luz própria, mas por refletir a alma daqueles que a admiram.

sei lá.