sábado, 30 de junho de 2007

Estação


Brotam amores e carícias na primavera, que pintam o céu do azul mais juvenil, sorrindo como uma criança que descobriu sua inocência. O vento não passa de um afago para os amantes, inebriados em sua própria Fortuna; num verão de romances, transpiram juras eternas, transcendentes, anteriores à própria colheita de paixão. O calor da existência, em ambos, os torna apenas um, em unissono, sem vozes ou pensamentos; basta, todavia, que se mudem os ares, e que as árvores voltem ao seu claustro natural, para que cada promessa, tão perene e duradoura, caia como uma folha exausta, de um pé de ilusões. O azul do céu, desbotado, caçoa; o frio boreal, castigo de um choro celeste, pinta o campo idílico de branco indiferente, descolorindo cada traço daquele amor, rubro e pulsante, agora minguado como uma lembrança indesejada. E, triste dessa fraqueza humana. A fome, o desejo, a sede de um beijo... não se pode esperar o degelo. Mal sabem, pobres casais, que já sob o gelo, tímidas promessas se preparam para uma nova primavera...