domingo, 22 de abril de 2007

Sombra


Não dura muito tempo. Nunca. De quando em quando, a sombra - minha sombra -, fria e taciturna, derrama seu vinho amargo, lembrando-me da intragável necessidade de carregar palavras, de carregar responsabilidades e sentimentos. Com um baque, ela me recorda da insanidade, não a bela e sábia, mas a inconsequente e infantil, aquela que tanto assola meus (des)afetos. E eu continuo perseguido pela tristeza de minha postura. Pés no chão e cabeça nas nuvéns. És fome literária que tens? Ora, não te engana, criança. Queres é um belo troféu. Deixa que o teu menestrel canta nos momentos que lhe são apropriados. Nos outros, beija a tua marionete. Eu prossigo. Sem muitas opções, prossigo; com esse gosto ruim na boca. Eu e minha sombra, eu e as crianças. Eu, e as palavras. Fáceis de serem ditas. Sempre imensuráveis. Sempre inconsequentes. Sempre palavras.

Um comentário:

Ariane disse...

words can faint the shadows