terça-feira, 3 de abril de 2007

Monocromático

É fumaça que contamina o ar que respiro. É neblina que vem sugando minhas energias, numa simbiose macabra. Sigo por uma parede suja. A turba vem passando, ninguém nota. Ninguém toca. O tempo é curto para se olhar nos olhos. O cheiro nauseante de indiferença me causa ânsia. Meu estômago revira com o gosto amargo de solidão. Solidão imposta. Solidão voluntária. Cada gota de chuva carrega o peso de mil pensamentos. Cada segundo se estende por dias, dias eternos, intermináveis. O trovão é abafado pelo som mudo de motores. O clarão do relâmpago sai tímido, atrás do colosso cinzento reinante no céu, sustentando por temíveis torres de concreto frio. Meu limite já foi ultrapassado. Limiar rompido. Sujeira. Desgosto. E eu sigo. Passo atrás de passo. Arrasto-me, apático. Monocromático.


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