sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Scelesta tu, scelestus ego.

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Há um gosto amargo em minha boca. Um cheiro ransoso em minhas roupas. Uma mancha de culpa em minhas mãos. Há algo de podre em meu reino. Há vergonha em meus olhos, angústia no meu espírito. Há peso em minhas costas, há correntes em minhas pernas, há algemas em minhas mãos.

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Amplexa me, flecta animi mei.

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Não há Londres, não há Dublin. Não há jóia em meu tesouro, não há ética em meu sopro, não há luz neste horizonte. Não há espaço. Não há respiração. Não há espasmo. Não há suor. Não há Rainha. Não há Rei. Não há herói. Não há dragão. Não há magia. Não há. Não é.

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uides me? uocas me?

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Há esta estranha sombra colada em minha imagem. Ela dorme, mas acorda faminta. Devora tudo aquilo que se coloca em frente. Deixa-me vazio. Ai de mim que não acompanho vossa fome! Oxalá meu fogo espantasse vosso glutão apetite.

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Noli tangere animae meae.

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Eu não quero. Não vou. Não posso. Não consigo. Quo uadis, miserum? Deixa-me! Deixa-me! Ó som insuportável, ó momento dantesco. Fecha os olhos! Fecha os olhos! Acorda, Octaedro, e deixa de bobeira. Por que olhas apenas para um lado? Tens mil. Não tens nenhum. Abre os olhos! Vive, seu nécio! Vive! Canta! Grita! Chora, pequeno monarca, chora os pedaços de tua coroa. Semeia, árvore estéril, os cacos do que poderia ter sido mas não É. Engole tua culpa, Oitavo filho, e ria da Fortuna. Ela não fez nada, meu caro. Não fez nada: HOC OPVS TVA EST! Tua, e somente tua. Fez errado, coxo. Fez errado. Lupus sum, ego ipse lupus meus sum.

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Aπάθεια? μελαγχολία?

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Aí está o que pediu, Otávio.

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E agora?

tibi est.

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