segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

corpo


Fez-se noite, por dentre fragmentos de uma sombra amorosa. Dissipou-se um sentimento desejado, enquanto suas brumas contaminavam os respingos de afeto e de esperança. Numa árvore sem vida, cresciam as chagas de uma experiência mal experimentada. O cheiro ocre alimentava a ilusão de um sucesso momentâneo, inebriante como o incenso de um relicário sagrado. Por breve segundos, embriagou-se o céu com seu próprio veneno, e o firmamento desabou sobre minha cabeça. Não poderia enxergar, turvado pela fumaça de um discurso feito em pedaços, um calvário construido com meu próprio esforço. Não reguei com carinho, e agora colho o fruto podre de um capricho espiritual. Os olhos pesam, a boca seca, a alma enfastia-se com o choramingo incessante da criança fantasiosa. A mente deixa de procurar lógica, e os dedos já não tem força para tocar um outro mundo. A pele não sente, e as pernas não se movem. O peito não aspira, e o coração não bate; deixa-se de ouvir o ritmo melancólico do pensar, enquanto o corpo entra num ocaso de sangue e lágrimas. Contemplo o meu naufrágio, meu recife de incapacidade. Arde essa cicatriz, marca de um infeliz escolhido. E, lá ia eu, e assim eu vou, num perambular orgânico de vazio e de pesar.

Um comentário:

Anônimo disse...

La poésie c'est plus intense que la realité... et les poets sont trop exageres... Ils sens les choses avec une intensité fantastique.
Pour les autres personnes, ces sentiments que les poétes mettre dans les mots sont faux... mais c'est parce que ils ne comprend pas la sensibilité de qui a écrit ça.

Pour les poétes,
le flot de sentiments c'est la realité.