terça-feira, 9 de outubro de 2007

pântano


e na charneca, os abutres regorjizam-se com a carniça da insegurança. Rondam os espíritos caídos dos fracos e dos hipócritas. Nesse lodo de desespero, ouve-se o clamor sufocado da indiferença, vê-se a sombra incansável do amor não correspondido, sente-se o frio tenebroso da infelicidade inevitável. O medo, o fracasso e a tristeza sustentam esse cenário dantesco: são os bastiões do fim do mundo, o toque abstrato da incompreensão. Grotesco, o fedor desse sentimento imundo soa como o sino do leproso, marca o sinal do desgraçado, daquele pobre tonsurado obrigado a descer de seu trono de paz e enfrentar a vergonha de tocar o próprio rosto, desfigurado com as afiadas garras do coração aflito. Não é justo, que eu, ainda que moribundo, caminhe com os já putrefatos infelizes, malditos diabos que caíram do inferno para sofrer as dores da vida. Não é justo carregar o fardo de encarar, hora por hora, cada um desses círculos do Tártaro. Não é justo que eu, ainda que habituado visitante do subterrâneo, tenha de compadecer dessa impotência, dessa fatalidade, dessa incapacidade. Não é justo caminhar nesse Pântano de desesperança...

Um comentário:

Anônimo disse...

saia do pântano.