sábado, 21 de julho de 2007

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Cada gota, é uma desolação relampejada pela Firmamento. Cada pingo, um meteoro terrível, fulminante, incansável. Quem dorme, enquanto lá fora urge esse redemoinho de confusão, essa tempestade atroz, carregada de ansiedade? A núvem de mágoas prolonga a já interminável noite; o relógio transforma-se numa máscara ameaçadora, ali, pendurada na parede, anunciando o lapso eterno, o segundo, o minuto, a hora que abarca toda uma vida. Os lençóis, manchados de vergonha, não escondem as máculas espirituais, as aberrações da alma, e não passam de um peso, uma condenação velada, subjetiva, carniceira. Os olhos não piscam; acompanham, como falcões perpicazes, os assassínos invisíveis, os espiões que não existem, os perseguidores imaginários. O sono, por si só, a hecatombe voluntária, a fogueira inquisitorial. Desassossego, imperceptível, presente, eterno [...]

2 comentários:

Ariane disse...

Olá, meu amigo; nunca mais o vi.

Anônimo disse...

Já o que são as aberrações da alma hoje em dia, ninguém sabe...

tens muito jeito com as palavras!
adicionei nos meus favoritos... já há algum tempo, mas só agora que vim comentar.