terça-feira, 1 de maio de 2007

Prece


Eu olho para o firmamento e rogo. Rogo para que não me faltem forças quando o peso do mundo parecer insustentável. Eu vejo as núvens caminhando, sem pressa e sem preocupação, e desejo ser como elas; desejo ter sabedoria o suficiente para entender que a felicidade não depende de páginas e páginas empoeiradas. Eu olho para as pedras, firmes e inabaláveis, e peço o mesmo. Peço que meu amor cortes não seja balançado pelas areias da ampulheta. Peço a paciência necessária para que eu aguarde, plácido, teus olhos encontrarem os meus, e que eu possa banhar-me na tua sagacidade e na tua fome de aprender. Observo os pássaros, voando desavergonhados, e clamo por ter a inocência destes pequenos animais. Clamo pela inocência, para que eu possa sempre compreender a honestidade na palavra de uma criança; para compreender o afeto da mão amiga; para compreender que nós ainda somos bons. Sinto a grama suave, bailando de acordo com a melodia da natureza, e anseio por ser como ela. Anseio para que eu saiba dançar o fluxo da vida, para que o Oboé da Providência não me soe estranho, e que seja sempre graciosa, mesmo a mair terrível das canções. E que belo presente me foi dado pelas tecelãs do destino! Benditas as anciãs que me permitiram admirar o céu, as núves, as pedras, os passaros, a grama e, num reflexo de loucura e inconsequência, fazer parte dessa bela pintura.

2 comentários:

Ariane disse...

I wish I could have the taste of flying like a bird.

Ariane disse...

a vida é uma contínua confusão.